sábado, 7 de novembro de 2009

A nova safra da corrupção mineira

Deputado federal Rodrigo de Castro é suspeito de utilizar a política para obtenção de contratos de obras e serviços
Diz uma fábula que em um reino não muito distante, governado por uma elite perdulária e corrupta, diante da possível morte do rei, um grupo de cidadãos corretos reuniu-se no intuito de encontrar uma solução para por fim à lamentável situação ética e moral que ameaçavam a sociedade local.

Depois de horas de discussão, do fundo da sala vem a voz trêmula e fraca de um ancião por todos respeitados: “Vejo que vocês estão discutindo, à procura de uma solução, tendo como base a morte do rei, porém, a meu ver, devemos ao contrário torcer pela vida longa do rei”.
Assustado, um jovem que liderava a reunião questionou o ancião, que assim respondeu: “Tenho 90 anos, em minha vida já presenciei a morte e o coroamento de vários reis, aguardando que na sucessão estivesse a solução. Entretanto, cada rei que morria era sucedido por um pior”. “Em minha opinião, temos é que conscientizar todo o povo dos desmandos e corrupção do atual rei e a não aceitar ser governado por corruptos.”

Como em um passe de mágica, todos juntos gritaram: “Vida longa ao rei”.

Essa fábula serve como uma luva para a fase atual da política mineira, onde diversos políticos afastados da vida pública, por impedimentos judiciais ou morais, lançam seus sucessores com linguajar e “cara nova”, no intuito de confundir o eleitorado, mantendo desta forma total domínio político e econômico de suas bases eleitorais, quase sempre adquiridas através de trapaças e corrupção.

E o pior, em Minas Gerais isso não ocorre individualmente, mas sim em “grupos”, verdadeiras quadrilhas.

Exemplo desta lamentável prática é a do ex-deputado Danilo de Castro, que foi retirado da vida pública após várias condenações, elegendo deputado federal seu filho Rodrigo de Castro - sócio oculto de diversas construtoras, empresas e universidades, das quais se retirou para ter mais “facilidade”. No entanto, permaneceram em seu lugar seu irmão e seu cunhado.

A participação do deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG) na Universidade de Viçosa é comprovada através da movimentação de um processo de dissolução de sociedade no TJMG em 2005.

Gravações realizadas por ordem judicial em investigações solicitadas em função da obra do PAC na região da Zona da Mata comprovam que nenhuma obra ou serviço ocorrem antes de “conversar com Rodrigo de Castro”, fato confirmado após depoimento de diversos empreiteiros.

Evidente que 99% dos “acertos” ocorridos no setor de obras são realizados no sindicato da categoria, o Sicepot, onde as empresas combinam quem vai ganhar e quem vai perder uma determinada obra. Mas os perdedores também ganham uma remuneração por aceitarem apresentar propostas de preços superiores, possibilitando a vitória da empresa pré-escolhida.

Prática adotada na obra de recuperação da estrada entre Viçosa e Ubá, no trecho da Serra de São Geraldo, onde a empresa ganhadora, Vilasa Construtora Ltda., subempreitou a obra para a Construtora Fortal, de propriedade do irmão do deputado Rodrigo de Castro.

Igualmente em Ubá, as obras do aeroporto entregues à empresa Conserva foram subempreitadas para a Construtora Fortal.

A ganância do grupo liderado pelo deputado Rodrigo de Castro não tem limites. Ele, seu cunhado e o filho do deputado estadual Alberto Pinto Coelho (PP-MG) detêm hoje quase que o monopólio da reciclagem em Minas Gerais, através da Santa Maria Comércio e Reciclagem de Resíduos Industriais Ltda.

Nada investem. Até mesmo os terrenos são doados pelos diversos municípios onde os prefeitos foram eleitos com apoio dos mesmos.

A facilidade na obtenção de Licenciamento Ambiental por ingerência política elimina qualquer concorrência. “Uma licença que normalmente leva um ano para sair, o grupo de Rodrigo de Castro consegue em uma semana”, denuncia um tradicional comerciante do setor.

É o caso da cidade de Três Corações, onde a empresa ganhou o terreno da prefeitura e os órgãos ambientais aprovaram a instalação de sua unidade de reciclagem às margens de um córrego, desrespeitando toda legislação ambiental.

O grupo é conhecido no mercado como a “máfia da sucata”.

A Santa Maria surgiu em Lavras. Hoje, conta com filiais em Varginha, Viçosa, Contagem, Sete Lagoas, Ubá e Uberaba.

A Reciclagem Santa Maria realiza coleta industrial em mais de 50 empresas apenas no Sul de Minas e outras 50 na Zona da Mata mineira.

Seus principais clientes são:

- COMPANHIA VALE DO RIO DOCE
- IVECO/ FIAT
- FIAT AUTOMÓVEIS
- USIMINAS
- SUGGAR
- TRW
- BLACK&DECKER
- COOPER STANDARD
- POLO IND. E COM.
- CAFÉ BOM DIA
- PLASCAR IND. E COM.
- KERRY DO BRASIL
- USIPARTS
- ARVIN MERITOR
- FAGOR
- SIAC DO BRASIL
- METAGAL
- SIVEF
- SADA FORJAS
- PEPSICO DO BRASIL
- RHODES
- ASK DO BRASIL
- HUTINSON
- DESCARTÁVEIS ZANATTA
- SUMIDENSO
- OMR COMPONENTES AUTOMOTIVOS
- COLEÇÃO
- ISRINGHAUSEN
- LEGGET & PLATT
- JOFADEL
- PP PRINT
- OURO FINO AUTO PEÇAS
- FLEXFLOR
- PROEMA MINAS
- MANGELS
- SÃO MARCO
- ISOFILME
- PEMGE
- PRINT
- BIOTECNICA

Segundo empresas concorrentes, o próprio presidente da Assembleia Legislativa mineira, o deputado Rodrigo de Castro e seu pai telefonaram para as empresas pressionando para que os contratos fossem entregues aos seus filhos e genro.

O deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG) também é sócio da rádio Medina FM Ltda.

Como o apurado nas gravações envolve autoridades com fórum especial diferenciado será o inquérito desmembrado e parte encaminhada para Brasília.

Fonte: Novo Jornal

2 comentários:

  1. tudo continua como está, vamos ver se o pacote de obras assinado ontem pelo governador aécio juntamente com seu secretário danilo de castro na região do sul de minas,vai realmente estar fora desta maracutaia.

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  2. Ouvi dizer que agora estão envolvidos em iluminação pública. De acordo com secretários da prefeitura de Belo Horizonte.

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