quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A VERDADE E A MENTIRA

*Por Geraldo Elísio

“Mente, ainda é uma saída / é uma hipótese de vida...” – Mente – de Paulo Vanzolini e Eduardo Gudin

Não é segredo: todo marketing um dia desaba diante da notícia. Os marqueteiros sabem disto. Somente silenciam por conveniência. Porém, na atual conjuntura, devem repensar os seus conceitos. Um dos exemplos mais marcantes dessa premissa foi a ascensão e queda de Fernando Collor. Criado pela propaganda e destruído pelo noticiário.
Em Minas, desde o início do governo Aécio Neves, em seu primeiro mandato tem-se notícia de farta publicidade e de uma censura notória atribuída à senhora Andrea Neves, com o objetivo de fazer de seu irmão o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A princípio, tais informações eram comentadas em círculos restritos. Com o passar do tempo, a exemplo do Bolero de Ravel, vem ganhando ritmo crescente. Principalmente a partir da demissão (pelo ar) do jornalista esportivo Jorge Kajuru, quando do primeiro jogo Brasil e Argentina que teve como palco o “Mineirão”.
O silêncio da mídia e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde são raros os momentos de oposição, sinalizava para uma estratégia perfeita. Porém, começaram a surgir os primeiros sinais de insatisfação, gerando as primeiras manifestações de ruas e, em consequência disso, as primeiras informações que em outros tempos estariam gerando manchetes tanto no impresso quanto nos meios eletrônicos de comunicação de massa.
Nada teria acontecido. Lógico, nem a mídia e nem os parlamentares foram abalados em suas convicções. Porém, no mundo da globosfera existe outro substrato. Além do mais, a proximidade de embates decisivos traz à cena o tradicional jogo da informação e da contrainformação. E os insatisfeitos aproveitam o momento.
Se Goebbels, o marqueteiro de Hitler, afirmou que “De tanto se repetir uma mentira ela acaba se transformando em verdade”, Abraham Lincoln enunciou: “Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito”. Em vista da vitória dos aliados ter comprovado a sabedoria da assertiva de Abraham Lincoln sobre Goebbels, fico com o pensamento do pensador norte-americano.
E hoje já se sabe em escala ascendente que o choque de gestão é mais falácia do que realidade, pelo menos na visão do Sindifisco, o mesmo sindicato que alardeou problemas na construção do novo Centro Administrativo e, principalmente, apontou o número do custo faraônico: R$ 1,2 bilhão, pelo menos até agora.
Igualmente, o Sindipol, sindicato dos policiais civis, alardeou que Minas, ao contrário do que diz a publicidade, não é um Estado seguro, denunciando a insegurança e o aumento das taxas de violência em ritmo crescente. O pessoal da saúde denuncia “o caos” imperante na área e os trabalhadores do ensino jogam por terra a informação de que o governo mineiro paga aos professores e professoras o piso nacional de R$ 900.
A Ajosp (Associação dos Jornalistas do Serviço Público de Minas Gerais) aponta que o Ipsemg poderá ser privatizado e recebe a confirmação de que isso é verdade por parte da entidade que congrega os beneficiários da instituição. E assim, uma por uma das máscaras vão caindo e ganhando espaço as notícias de corrupção.
Mentir como hipótese de vida pode até ser uma saída, na voz saudosa de Clara Nunes cantando um tema de amor assinado por Vanzolini e Gudin. Mas em outra circunstância só vem a reforçar a teoria de que por mais eficiente que seja o marketing, nada se compara à força da verdade que traz uma notícia isenta e sustentada em provas.
PS – Da série perguntar não ofende

O Corredor Cultural da Praça da Liberdade está sendo privatizado? Quem se beneficiará? Quem é o consultor do projeto? Houve licitação? É alguém de notório saber na área? Quem paga a consultoria? Qual o valor? O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais pode inspecionar isto ou prefere continuar a ser Faz de Contas? O espaço está aberto.

Geralo Elísio mantém este espaço permanentemente aberto ao democrático direito de resposta a todas as pessoas e instituições aqui citadas através do e-mail gelisio@novojornal.com
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