terça-feira, 1 de setembro de 2009

Clésio Andrade é indiciado pela PF

"O indiciamento de Clésio é tido como `momento histórico´, para a política nacional"
O que parecia impossível está ocorrendo.


O pequeno ex-empresário de ônibus cresceu organizando "caixinhas" para suborno de funcionários públicos em troca de aumento tarifário, além de políticos do executivo e legislativo mineiro, o que possibilitou ao final do governo Collor a fundação da entidade representativa da categoria em nível nacional - CNT (Confederação Nacional dos Transporte) - que vem presidindo desde então.
Tido como "competente", pouco tempo após assumir a CNT se transformou no principal financiador de campanhas políticas em todo o País, tendo inclusive ocupado o cargo de vice-governador e suplente de senador por Minas Gerais desde o início da década de 90.
Nos últimos anos vem comparecendo na mídia nacional noticiando gratuitamente pesquisas de opinião pública de popularidade, sempre em relação ao presidente da república e dos governadores do Estado. Até mesmo temas polêmicos como o terceiro mandato de Lula foi pesquisado por patrocínio da CNT.
Demonstrando o quanto é poderoso, Clésio Andrade esteve envolvido nos maiores esquemas de corrupção que abalaram a República na última década, dentre eles o Mensalão e Valerioduto. Em ambos saiu praticamente ileso diante da remessa das investigações pelo Supremo Tribunal Federal para o Ministério Público e Judiciário mineiro.
Porém, para sua surpresa e dos beneficiados por seu esquema, tramitava na Polícia Federal em completo sigilo o inquérito nº. 830/2008 para apurar as diversas práticas criminosas de Clésio. Só em julho do ano passado, após ajuizar um habeas corpus na 4ª Vara Federal de Minas Gerais, Processo nº. 2008.38.00.017827-0, o advogado de Clésio Andrade teve acesso ao inquérito.
Diante do arguido por sua defesa o processo foi remetido para "Reexame Necessário Criminal", na 2ª Instância Federal em Brasília. Por unanimidade o recurso impetrado foi negado, continuando a tramitação do inquérito na Justiça Federal mineira.
O silêncio sobre o assunto imposto por Clésio a respeito dessa investigação foi tão grande que sequer contratou-se um advogado em Belo Horizonte, permanecendo em sua defesa no processo um jurista do Distrito Federal.
Segundo assessores próximos de Clésio ele tentava evitar que outros membros da CNT tomassem conhecimento e exigissem sua saída.
Pelo visto, o que evitava ocorreu. A maioria dos membros da CNT quer que ele se licencie tão logo seja apresentada e aceita a denúncia. Novojornal consultou diversas lideranças que participam da CNT e quase a totalidade entende que: "Clésio já deveria ter se licenciado desde que foi indiciado".
Segundo um procurador federal que teve acesso ao inquérito "diante das provas colhidas dificilmente o Ministério Público Federal deixará de apresentar denúncia contra Clésio Andrade".
Quando Novojornal noticiou há uma semana que o quadro dos possíveis candidatos ao Senado poderia ser alterado com a possível condenação de Clésio e do senador Eduardo Azeredo, suas assessorias contradisseram, informando que mesmo diante de uma condenação existiriam mais duas instâncias judiciais para percorrer e que dificilmente isso acabaria antes das eleições de 2010.
Até então completamente silencioso, dia depois da citada reportagem, em entrevista a um jornal da capital mineira, Clésio Andrade confirmou que seria candidato a senador ou a governador de Minas e que apoiaria o PSDB apenas se o governador Aécio Neves fosse candidato a presidente. Caso contrário, apoiaria o candidato a presidência do PT.
Segundo diversos jornalistas que cobrem o Senado, na tentativa de remeter o processo para o Supremo Tribunal Federal, atrasando seu andamento, Clésio vem articulando para que o senador Eliseu Resende se licencie para que ele assuma em seu lugar. O que só não ocorreu, segundo esses jornalistas, devido a atual situação escandalosa do Senado Federal.
O poder judiciário em todo país está atento para coibir as tradicionais manobras de candidatos que postergam a tramitação de suas investigações e processos para que a opinião pública não tome conhecimento do fato e consigam eleger-se, adquirindo a famosa "imunidade".
Não por outro motivo que o presidente do TRE-MG informou que será divulgado pelo tribunal informações a respeito da vida pregressa dos candidatos.
Esse inclusive é o entendimento do TSE a respeito. Espera-se para a próxima semana a decisão da Justiça Federal mineira a respeito da aceitação ou não da denúncia contra Clésio.
Evidente que ele não estará sozinho. Trará consigo nomes de destaque na vida política e empresarial mineira e nacional.
Fonte: Novo Jornal

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